O grau pelo qual um sistema é susceptível ou incapaz de lidar com os efeitos adversos da mudança do ambiente define a sua vulnerabilidade (UNEP 2005). O objectivo final da maioria dos indivíduos é evoluir para um estado de segurança e minimizar a vulnerabilidade.
Indivíduos ou comunidades podem ser vulneráveis a impactes directos como inundações ou incêndios, e podem ser indiretamente vulneráveis perante acontecimentos como por exemplo os declínios dos níveis freáticos, devido à diminuição da pluviosidade a longo prazo como resultado das alterações climáticas. No entanto, o factor mais significativo na vulnerabilidade é a sua natureza complexa, onde os indivíduos, grupos e comunidades ficam não só sujeitos à ameaça, mas também a muitos outros factores ao mesmo tempo.
O Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) realizou um estudo para determinar a vulnerabilidade dos recursos hídricos às alterações ambientais na África. O estudo desenvolveu parâmetros e indicadores relacionados, que foram agrupados em fisiográficas (natural), sócio-económicos (antropogénicos) e em agrupamentos de gestão (ver tabela abaixo).
Parâmetros e indicadores de vulnerabilidade para avaliação da vulnerabilidade dos recursos hídricos às alterações ambientais.
Grupo
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Parâmetro*
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Indicador de Vulnerabilidade*
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Fisiografia
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Clima
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Pluviosidade
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Evapotranspiração
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Escassez de Água
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Ecossistemas
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Dependência da água
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Cobertura do solo
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Uso da terra
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Disponibilidade da água
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Desertificação
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Armazenamento e infra-estruturas de fornecimento
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Hidrologia
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Caudal do rio
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Hidrogeologia
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Socio-Economia
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Demografia
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Tamanho e distribuição da população
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HIV-SIDA/ doenças de origem hídrica
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Demanda da água
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Abastecimento de água
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Valor da água
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Economia
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Gestão
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Legislação
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Políticas
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Leis
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Regulamentos
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Diretrizes
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Institucional
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Aderência aos princípios da GIRH
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Recursos Humanos
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Conhecimento
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Literatura/relatórios
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Disponibilidade de dados, lacunas e qualidade
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*Variabilidade temporal e espacial e fontes de tendências: UNEP 2005
Vulnerabilidade dos Recursos Hídricos da África Austral e Mudança Ambiental
Nos países da África Austral, as economias dependem fortemente da agricultura (muitas vezes de subsistência) e do pastoreio, cujo sucesso é determinado pelas condições climáticas. Devido ao seu estado de desenvolvimento relativamente baixo, estes países são vulneráveis a mudanças inesperadas nas variáveis climáticas. (UNEP 2005).
Os indicadores de Vulnerabilidade que se seguem são usados para determinar a vulnerabilidade da África Austral em relação aos recursos hídricos e alterações ambientais (UNEP 2005):
Aridez e Disponibilidade da Água:a aridez e a vulnerabilidade estão ligadas com maior incidência na parte occidental e meridional da região. Uma projecção da FAO (1995) para 2025 prevê que a disponibilidade de água por pessoa irá diminuir devido ao aumento da procura e à redução de acessibilidade.
Demanda e Uso da Água: o crescimento populacional, a urbanização, o desenvolvimento industrial e agrícola, bem como as melhores condições de vida, tudo isto indica que a procura e a utilização da água vão aumentar no futuro, o que resultará em menos água disponível.
Densidade e Crescimento Populacional: As taxas de crescimento populacional nas cidades e centros urbanos principais são mais altas do que a média regional.
Conflitos Relacionados com a Água: O rio Limpopo é citado como sendo uma área propensa a conflitos potenciais no futuro, uma vez que os países africanos são susceptíveis de ultrapassar 'economicamente o uso das fontes hídricas localizadas no país, antes de 2025 (Ashton 2002)'.
Reforma do Sector: o avanço até agora para as reformas do sector da água nesta região é uma tendência positiva para a criação de ambientes favoráveis, a fim de mitigar a mudança ambiental.
Plano Estratégico da Bacia Hidrográfica do Rio Limpopo para a Redução da Vulnerabilidade às Inundações e Secas.
Em 2007, UN-Habitat/UNEP e os países ribeirinhos da bacia do Limpopo publicaram o 'Plano Estratégico da Bacia do Limpopo para Redução da Vulnerabilidade às Inundações e Secas'. O documento de trabalho avalia o estado actual de vulnerabilidade na bacia, relativamente ao meio-ambiente e à política, propondo actividades, tais como um sistema de alerta precoce que pudesse reduzir a vulnerabilidade.

A maioria das fontes de água rural informal são vulneráveis à degradação e à contaminação.
Fonte: Schaefer 2010
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